quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Outros tempos - 20 de setembro

Por ocasião do 20 de setembro, posto aqui um poemito, no qual faz-se uma crítica aos modismos que desvirtuaram a essência pampa.

Outros tempos
Sentado sobre os pelegos
Deixo o mate molhar a palavra
Mirando o passado e colhendo
Os poucos versos de mi lavra

Os tempos agora são outros,
A essência pampa se vai, apartada
Os recuerdos agora são poucos
E nossa história se esvai, transformada

A tradição agora tem dono
Como se pudessem embretá-la,
O patrão agora tem trono
E a história se trai, maltratada

Se fazem agora regramentos
Das vestes da gauchada
E se esquece dos outros tempos
De nossa gênese esfarrapada

Memórias índias vão esquecidas
No campo santo das Missões
Palco de lutas aguerridas
Entre lanças e canhões

Encerram-se liberdades
Nas fronteiras pampeanas
E se criam, nas cidades
Fantasias haraganas

Nos campos de Cima da Serra
Novas modas são inventadas
Trazidas de outras terras
Ganham campo nas canhadas

Mais estranho é o cancioneiro
Que se diz voz do nosso chão
E espanta o estancieiro,
O capataz e o peão.

Tudo concentra e emana
A mui leal e valorosa,
E os gaúchos de fim de semana
Se desvelam em verso e prosa

Mas agora os tempos são vagos
E não importam as tradições
O que vale agora são cargos
E o faz de conta de galpões